O incêndio que ocorreu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, e deixou 242 vítimas fatais e mais de 600 feridos, acaba de completar 10 anos e o caso voltou aos noticiários devido ao lançamento de uma minissérie num canal de TV, retratando a tragédia que aconteceu naquela noite.
O episódio da noite de 27 de janeiro de 2013 é marcado por uma sucessão de erros primários, com irregularidades, ações e omissões que contribuíram para o incêndio e o elevado número de vítimas.
O especialista em segurança Fernando Só, CEO da Performancelab, explica alguns dos erros cometidos quanto à prevenção e combate ao incêndio na casa noturna.
• Falha em extintor de incêndio
O incêndio teve origem durante um show com artefato pirotécnico; as faíscas entraram em contato com o revestimento no teto do palco, iniciando as chamas. Assim que perceberam o fogo, o vocalista da banda que estava realizando a performance e os seguranças da boate tentaram apagar as chamas com o extintor de incêndio localizado ao lado do palco, mas o equipamento não funcionou. O laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou que o extintor estava inoperante.
“A falha no extintor pode ser um fator determinante na propagação de um incêndio, porque o equipamento pode extinguir o foco inicial das chamas. Por isso é tão importante que as empresas realizem uma gestão ativa de todos os seus equipamentos e acessórios de combate ao incêndio, fazendo inspeções, testes e manutenções preventiva e preditiva periodicamente” disse Fernando Só.
• Sinalização de emergência inadequada
De acordo com o depoimento dos sobreviventes, quando as luzes apagaram, não havia luzes de emergência nem placas de sinalização da saída. Os peritos do IGP encontraram vestígios de apenas duas placas de sinalização em dois dos cinco principais ambientes da boate e não conseguiram determinar se as luzes de emergência estavam funcionando, pois elas foram destruídas pelo fogo.
Também não havia iluminação junto ao piso que pudesse ser vista mesmo com a fumaça e conduzido as pessoas para fora do local, o que fez com que muitas das vítimas confundissem a saída com os banheiros.
• Havia apenas uma porta de saída
A boate possuía apenas uma porta e de tamanho insuficiente, considerando a superlotação do local, com quase o dobro da capacidade de pessoas permitida. As leis contra incêndio de Santa Maria e do RS, vigentes na época, determinavam duas saídas em lados opostos para casas noturnas.
• Obstáculos impediram a saída do público
Um dos fatores fundamentais para o elevado número de vítimas fatais, segundo o inquérito da polícia, foi o número de obstáculos na saída da boate. Em três locais haviam seguranças, um deles em frente à porta de saída, o que dificultou a saída das pessoas. Os policiais chegaram a usar a palavra “labirinto” para descrever o interior da casa noturna. Provavelmente se as rotas de evacuação e as saídas estivessem desobstruídas, o número de vítimas teria sido bem menor.
“A gestão de segurança contra incêndio se baseia em uma série de fundamentos, tais como: o monitoramento constante dos riscos; a disponibilidade dos sistemas de proteção e a evidência de seu funcionamento; a preparação para emergências, com um bom plano de evacuação; e o preparo e ensino constante das pessoas envolvidas. Treinar ..treinar .. treinar. Todas essas ações devem ser realizadas de maneira preventiva e constante, por essa razão, hoje em dia, existem vários dispositivos tecnológicos para ajudar nessas funções. Inclusive, no caso da Performancelab , desenvolvemos um módulo específico na nossa plataforma, o Firelab. O objetivo é poder ajudar na prevenção contra incêndio e, de certa forma, evitar que novas tragédias aconteçam. Disponibilizamos uma ferramenta, criada para medir, controlar e gerenciar a segurança contra incêndio. A solução estabelece as medidas de proteção necessárias, controla a localização dos equipamentos, avisa quando a manutenção deve ser realizada, monitora todas as ocorrências, etc. O gestor terá o status dos equipamentos de combate e prevenção contra incêndios de todas as suas áreas e instalações em tempo real, apresentados por meio de um painel e no formato de relatórios gráficos e dashboards. Todos os recursos disponíveis no software ajudam a identificar e registrar os desvios que possam aumentar os riscos de incêndio. Resumindo, o que nos propomos a fazer é oferecer para empresas e condomínios mais do que a legislação obriga, tudo com o objetivo de prevenir incêndios e suas consequências”, finalizou Fernando.